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Tuesday, March 13, 2007

SOBRE FORMIGAS, PATENTES E MACUNAÍMA


Apesar de carregar marca de formicida no nome, nada entendo de formiga e desse veneno.Tranqüilize- se solitário leitor (a). Não está nascendo uma nova autoridade econômica por causa disso.Olhando em volta, perguntando aqui e acolá, fui descobrindo algumas coisas. Espero não sejam mais lendas da Internet. Segundo pesquisa da Nádia Paraense Santos, relatada no Congresso Brasileiro de Química, o pioneiro das patentes de formicida foi o Barão de Capanema (Guilherme Schuch Capanema). Amigo do imperador, nobre, doutor em Ciências Físicas, Matemáticas e empreendedor desfrutou do monopólio do formicida entre os anos de 1850 e os de 1880. Durante longo período foi o único autorizado a vender e fabricar formicida de todos os tipos no Brasil.Também desfrutou do privilégio do gelo por cerca de 10 anos.E introduziu o telégrafo.
Curioso é que, desde o início da concessão dos privilégios industriais, ainda no império, havia um rito especial para o caso das patentes de química, farmácia e alimentar.Provavelmente por razões de ordem sanitária, e não industrial, havia uma análise prévia à referida concessão. Mas a macunaímica formiga saúva já estava na origem de algumas disputas pelo privilégio da produção do formicida. Apenas entre 1830 e 1891, foram concedidas 25 patentes (privilégios industrias) para produtos destinados a oferecer-lhe combate implacável.No mesmo período, seriam concedidos 1924 privilégios para todos os demais setores juntos.
O tempo foi passando e, em 1927, portanto um ano antes do Mário de Andrade lançar seu Macunaíma, o escritório LECLERC & CO cuidava do registro da marca e da patente do Formicida Nunes.Que se juntaria a outros tantos. Pois é, tenho uma amiga que insiste em dizer que as fábricas de formicida tiveram origem na sua Ilha do Governador. Vai ver ela tem razão. Ao menos em parte, porque o Barão de Capanema (de ascendência austríaca, viu Mausy ?), de acordo com pesquisas do pessoal da química da UFRJ, teria implantado 3 unidades de produção.Uma em Rodeio - hoje Paulo de Frontim - outra em Salvador e a terceira (imagine!)...Na Ilha do Governador!
Quando ela digitalizar e colocar no ciberespaço o rótulo do formicida do seu vô, conto uma estória que já me narrou. Se ela deixar, claro.
E pensar que essa estória de formiga estava também no meio da discussão da nova lei de propriedade industrial dos anos 1990. Afinal, parte das questões mais polêmicas residia nas patentes da área química, fármacos, medicamentos e na tentativa de igualá-los aos demais produtos para efeito de tratamento patentário.Se "inventou" até a tal da patente pipeline para nos enquadrar retroativamente. Já que, desde Getúlio, não se reconhecia patente nessas áreas.
Contudo, uma vez mais, a Europa se curvou ante o Brasil.
Nas telas, Macunaíma foi grande sucesso de bilheteria aqui. Pelo mundo afora também foi bem visto.Em 1970, arrancava gostosas gargalhadas de um desconcertado público, em cinemas do Quartier Latin. Além, evidentemente, de inspirar Davi Corrêa no memorável samba enredo da Portela de 1975.
Com sua benção, Sergio Porto ( ele sabe porque):
" Macunaíma índio branco catimbeiro

Negro sonso feiticeiro
Mata a cobra e dá um nó"

Saravá, Mário de Andrade:


"Pouca saúde , muita saúva, os males do Brasil são".

Como se vê, a formiga é musa inspiradora da nossa ciência e da nossa literatura desde longos anos.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Hilário!
Um achado, sem dúvida.
David

20 November, 2009  

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