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Monday, April 30, 2007

SOFTWARE LIVRE NO EQUADOR

Thursday, April 12, 2007

pereira nunes: ELEIÇÕES NA FRANÇA

Wednesday, April 11, 2007

TELEFONE VERMELHO DE VICTORIA STATION OU



O TELETETO
Isso certamente Débora Duarte não esperava. Seu filme CELESTE sobreviveu ao telefone vermelho londrino.Quem não visita Londres há muitos anos é incapaz de garantir. Mas é possível que ele ainda exista e esteja lá. Ao menos como curiosidade arqueológica, deveria permanecer. Preservado tal e qual. Contudo, os antigos poderão dizer: eu vi meninos, eu vi. Não sou tão antigo assim mas, digo também, que a estação de Victoria Station possuía vários telefones. Ou era apenas minha imaginação? Aqueles da cabina bonita vermelha, vistosa. Verdadeiro" ícone londrino", conforme os publicitários de então diriam, escandindo todas as sílabas.E um brasileiro com isso?Além da lembrança da privatização que varreu os telefones fixos de lá, na época de Mrs Thatcher e transformou a British Telecon - levando juntas na enxurrada as lindas cabinas vermelhas - há outros fatos a aproximar esses mundos. Conheço alguém que usou uma dessas cabinas como quarto de hotel, por uma longa noite de outono. Quem já lá chegou, vindo de trem do Aeroporto de Gatwich haverá de recordar que as plataformas de desembarque eram cobertas por um alto telhado côncavo arredondado que desmaiava por cima das lojas, paredes e bancos da instalação do terminal. A linha do trem encerrava seu percurso num grande galpão (centenário?). Junto com o trem corria uma ventilação fria e úmida que se tornava ainda mais intensa quando a locomotiva se aproximava. A locomotiva estacionava e o vento seguia em frente sobre os trilhos, frio, firme e forte até encontrar as paredes demarcatórias do fim do saguão. Quem estava parado na plataforma congelava, batia queixo, esfregava as mãos. Gemia de frio e de desespero.Mas, antes de gemer de frio e desespero, a farra foi grande.O cachê de uma figuração, em um filme produzido e realizado em Paris, havia viabilizado uma aventura insular de um brasileiro recém chegado à Paris.(auto exilado foi o nome "técnico" usado por Roberto Campos em Lanterna na Popa. A raiva, ainda hoje, impede dizer todos os adjetivos de agradecimento a essa referência bibliográfica indesejada.). Deixando a mágoa de lado, vamos aos fatos.A grana amealhada na referida figuração proporcionara a aquisição de bilhete de estudante Paris-Londres- Paris. De estudante mesmo, barato de verdade; uma pechincha para brasileiro duro.Compreendia uma passagem de trem até o aeroporto de Paris, voo de avião até Gatwich e novamente trem dali até Victoria Station. Na volta, com data já marcada para uma semana após o embarque, o sentido do percurso se invertia.Tratava-se, na verdade, de uma ponte aérea sobre o Canal da Mancha. Mal dava tempo de sorver um cafezinho. O resto era de trem mesmo.Foi uma semana de visitas a museus, troca da guarda da rainha, rio Tamisa, Big Ben, parques etc. Claro! a noite nos pubs era regada a whisky nacional.E cerveja barata. Na véspera do retorno, a despedida; as incontáveis saideiras não fizeram o relógio parar, como tudo em volta fazia crer. As horas passavam como as imagens do mundo que giravam em torno da cabeça. Mas a passagem do tempo não era percebida ou, talvez , desejada. Acabara o metrô. Pubs fechados, janelas cerradas, luzes apagadas. Silêncio secular.O sono forte tornou-se sobressalto quando, após infindável caminhada, ficou evidente que a porta da pensão não seria aberta por nenhuma alma caridosa. A chave fornecida aos hóspedes no check- in, na chegada da pensão da bed and breackfast era para uso exatamente nesse momento. Não se destinava a produzir fundo musical nos copos, no vira- vira da saída dos balcões. Beber em pé era mais econômico, mas o barulhinho cadenciado do tilintar das chaves, ao estilo Orlam Divo, não resultara em nenhum desconto especial. E, sem chave, nada feito. Estava na rua. O Metrô já estava fechado, com as portas trancadas para não ser transformado em hospedaria pelos sem - teto, nem por sem – chavesQual a Saída?Pela porta de chegada, esse era o melhor caminho. Táxi até Victoria Station, Aquele teto gigantesco, os portais para trânsito de entrada e saída de passageiros, os quais nunca se cerravam, Estava aí o caminho do conforto. Melhor que isso, apenas, os impossíveis hotéis 5 estrelas com diárias equivalentes a 1 ano de figuração, em filme de luxo.Negociada a gorjeta e paga a viagem de táxi até o local do sossego reparador, o problema a passava a ser a escolha do melhor local dentro da estação. .Na plataforma de desembarque, lugar conhecido na chegada triunfal, uma semana antes, a primeira surpresa: ali não havia sem teto porque o frio encanado trazido em corrente por sobre os trilhos era glacial. Ninguém em pé naquela região.Impossível ficar parado mais de dez segundos. Sentados em poucos bancos e cobertos com mantas de lã, alguns retardatários aguardavam heroicamente a chegada de um improvável trem.Cachecol, chapéu, luvas, cobertor, tudo isso que lembra conforto térmico passava pelas cabeças geladas.Uma rajada mais forte mudou o cenário. Em turbilhão, na velocidade da ventania que colocou a correr até os prevenidos retardatários, saíram todos.Os sem cobertor e os sem casaco, em procissão, vinham atrás dos sem chaves.Espalharam-se pelas dependências da estação, em busca de algum outro espaço menos hostil. Nada. Frio, sono, tensão e, agora, fome também.Sentada no chão, escondida do vento atrás de um cesto de lixo,uma fisionomia conhecida. Um aristocrático venezuelano com paletó fechado até o pescoço, a gola levantada, enroscado de frio, retirava um invisível cisco na altura do joelho com um solene e cinematográfico peteleco. Dizia "muy frio," "muy frio" convencido de estar pronunciando perfeito português. Respondeu afirmativamente, com a cabeça, ao convite balbuciado em portunhol.Sim, gostaria também de procurar outro local menos gelado.Excursão em marcha pelas instalações do terminal ferroviário.Nada. Estava evidente a razão de não existir chaves no portal de acesso à linha férrea.Ninguém suportaria tanto frio naquela tubulação de ar gelado. Não havia o que vigiar.Nem sem chaves, nem sem teto se atreveriam a dormir naquele lugar.Repentinamente começa um ruído familiar: da campainha de um telefone. Apitava, apitava, apitava e competia com o som do vento gelado. Ninguém demonstrara estar aguardando uma chamada àquela hora. Insistente, o som atraiu até um cachorro sem teto que perambulava pelo no terminal.Latidos, campainha, frio tudo levava a crer que se construía um cenário de filme de terror.Era preciso que alguém assumisse uma atitude. Enquanto o venezuelano aristocrático correu em direção ao cachorro, outro friorento personagem se dirigiu à cabine para silenciar o maldito alarme telefônico. Operação bem sucedida. O silêncio agora só é cortado pelo gélido vento.Mas, espere aí! O frio diminuiu e o vento também está suportável.E se a porta da cabina se fechasse inteiramente?Nunca, até aquele momento (já ouviu isso antes?), ninguém tivera a iniciativa revolucionária de fechar a porta da cabina para não falar ao telefone.Simplesmente para adormecer com conforto.Tirar um cochilo breve e reparador. Em grande estilo, o inovador dormiu profundamente. Primeiro em pé. Depois, mais desinibido, sentado, segurando o aparelho contra o ouvido, como se acompanhasse atentamente a narração do último jogo da recém encerrada Copa de1970. Seu despertar triunfal pela manhã foi seguido, de muito perto, pelos curiosos londrinos, àquela hora ganhavam o terminal para início de mais um dia de labuta primeiro - mundista. Observavam, através do vidro da cabina, aquele estranho cidadão adormecido.Droga? álcool? Conforme os também curiosos cariocas fariam naquela circunstância, seguiam de perto os passos do sonolento usuário, na expectativa das próximas novidades matinais. Para aquele enxame de bisbilhoteiros londrinos, nosso personagem desconcertado tinha apenas um singelo, angustiado e ininteligível xô!Nascia ali a verdadeira Convergência Tecnológica, a tetomática. Infelizmente logo abandonada pelos londrinos neoliberais que privatizaram a cia Telefónica e aposentaram a Vermelha Cabine K6 Jubilee Kiosk-.Os competitivos celulares globalizados a transformaram em peça de museu.Hoje, sem os lindos lares / telefones e com medo de bombas, Londres não tem sequer lata de lixo nas estações de trem, nem no metrô. Além disso, as autoridades colocaram trancas nas portas de Victoria Station. Pois o venezuelano, no ato de dar fim ao cachorro barulhento, inaugurara sua longa carreira de aguerrido combatente anti – globalização e pelo retorno das K6, o providencial teleteto da modernidade ferroviária.



Nota:
Clique em Quiosque vermelho e veja uma variada coleção de todos os principais modelos.
K6 'Jubilee' Kiosk
These phone kiosks are the famous K6 "Jubilee" model which used to be seen standing on the streets the length and breadth of Britain.
Designed by Sir Giles Gilbert Scott to commemorate the Silver Jubilee of King George V in 1935. The K6 soon became the most famous and best loved.
Price:
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